domingo, 9 de maio de 2010

UMA FOTO: TRÊS GERAÇÕES DE TRÓLEBUS


Trago uma imagem que fiz meio por acaso, mas que acaba retratando três fases diferentes, em um única foto, dos transportes coletivos na Capital e na Grande São Paulo, principalmente por trólebus.
Podemos ver juntinhas SCANIA, VOLVO E MERCEDES BENZ, lado a lado, como se mostrassem a evolução dos tempos no setor, inclusive o desenvolvimento da indústria de trólebus, o que vem provar algo que o mundo sabe já há muito tempo: o trólebus é um veículo que se moderniza e é considerado ainda como opção de futuro, para um transporte mais limpo, que colabore com as questões ambientais, e com o conforto dos passageiros. Europa, Ásia, e América do Norte nos provam isso. É só pesquisar um pouco.
Cada carro desta foto é de uma época diferente e tem uma história diferente também.
Da esquerda para a direita vemos:
- UM MARCOPOLO SAN REMO, SCANIA BR 116, Controle Tectronic e de Tração BBE. O veículo de 1982 é preservado pela Metra (Sistema Metropolitano de Transporte Ltda) e tem muita história a nos contar. Ele é da geração de trólebus que foi desenvolvida a partir do Sistran (Sistema Integrado de Transportes). O Sistran foi elaborado na gestão do prefeito de São Paulo, Olavo Setúbal, entre 1975 e 1979 e teve como um dos grandes responsáveis pela sua idealização o engenheiro Adriano Branco. Setúbal foi considerado um prefeito a frente de seu tempo em alguns setores, como o de transportes. Um dos grandes entusiastas do trólebus, pelas viagens que tinha feito pelo mundo, Setúbal já nos anos de 1970, via a necessidade de um transporte que aliasse conforto e ganhos ambientais. O Sistran previu a implantação de mais de 1280 novos trolebus na cidade de São Paulo e a criação de 280 quilômetros de linhas novas, além dos 115 quilômetros já existentes, que deveriam ser revitalizados. Mas muito mais que ampliar o número de ônibus elétricos na cidade, o Sistran trouxe para o Brasil um novo conceito de trólebus e foi responsável pela modernização do veículo. Para isso, Adriano Branco desenvolveu várias pesquisas, internacionais, inclusive. A própria Mercedes Benz trazia ao Brasil, para participar do trabalho, um trolebus alemão sobre plataforma O 305. Com o Sistrran, nascia uma nova geração de trólebus para o Brasil, tudo com trabalhos envolvendo a CMTC, por isso não é exagero dizer que a empresa pública paulistana determinava os rumos dos transportes em todo o território nacional. Pelo plano, nosso trolebus começaram a contar com suspensão a ar, direção hidráulica, melhor disposição interna dos bancos, melhor planejamento para a circulação de passageiros no salão e comando eletrônico de velocidade por recortadores (Chopper). A concorrência para fornecer os primeiros trólebus dessa geração foi ganha pela Ciferal e Scania. Mas outras empresas desenvolveram seus modelos, a partir destas inovações. Exemplo foi a Marcopolo com este San Remo (já com cara de Torino, seu sucessor). O veículo rodou na Capital Paulista, com esta pintura que traz as cores padrão da EBTU – Empresa Brasileira de Transportes Urbanos.
- MARCOPOLO RTORINO VOLVO B 58: (O CARRO DO MEIO) O veículo produzido em 1988 já mostra a história do desinteresse pelos trólebus em algumas regiões. Ele foi fabricado para servir o sistema de Belo Horizonte, que acabou desistindo de ampliar redes de trólebus. Quarenta unidades foram fabricadas: 20 foram vendidas para a Argentiina e 20 ficaram em poder da Marcopolo até 1996. Neste ano, eles foram cedidos para Eletrobus da Capital Paulista, já no pós privatização da CMTC. Eles substituíram os trólebus encostados para a reforma. Concluídos os trabalhos, eles foram devolvidos, mas em 1997, a recém criada Metra, vislumbrou nos veículos uma excelente oportunidade de negócios, reconhecendo a qualidade e a durabilidade do trólebus. E estes Torno Volvo rodam até hoje em perfeitas condições.
- CAIO MILLENIUM II MERCEDES BENZ: Da geração da corrente alternada, com mais força e economia, e que mostra o desenvolvimento da indústria nacional.

Adamo Bazani

Um comentário:

José Euvilásio Sales disse...

Belo histórico. Olavo Setúbal teve uma visão incrível. Pena que pouco do que construiu foi mantido.

Um abraço.